segunda-feira, 25 de junho de 2012


Meço as palavras na medida do possível,
mas calculo e problematizo:
será mesmo possível medir o possível?

domingo, 17 de junho de 2012

Sinto o cheiro amadeirado,
ao meu lado, de tabaco
com uma unha vermelha
quebrada que me passa
em um ônibus lotado.
Vejo a rua e a poeira
sem vida que ressoa
assoviando uma música
na orelha.
Não experimentamos
nem o som dos automóveis
que passam.
Só compartilhamos
a medida do tempo falsificado,
quando o cheiro escapa ao asfalto,
que apesar
da rigidez
do engarrafamento
flui e não passarei mais.
Fico marcado pelas unhas
e por este cheiro de cigarro
sinto algo que há entre as
cabeças e pernas,
mas adstritos,
apesar de implosivos,
permanecemos sujeitos
do nada
que temos em comum.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

                        poema sobre xilogravura

Abandono.
Jogado no sob das ruas
com o sol em si
rubro-ardente como
o coração que tem pulso 
na velocidade da translação.

As luzes apagadas,
a vermelhidão nas mãos
trazidas dissimulam:
sangue das horas que
escorrem pelos mundos
que pulsam dentro
mas estão fora
(de cogitação só).

Derretendo,
funde-se ao mundo
mas corre o risco do
desaparecimento
ou de perder suas partes
na vida subterrânea –
como o coração pálido
resfriado pela intensidade
e dureza
do sol.

quarta-feira, 13 de junho de 2012


O som dos pássaros e automóveis
habita a rua fosca, que na noite
tem donas
(mariposas? baratas?)
que fazem de uma vida
a vida toda.
O que ressoa no concreto
existe, apesar do que 
se assevera
em salas ausentes.
Grito
e vejo o dedo em riste,
recebo a mensagem da janela,
triste por lembrar que no cantar
dos carros e dos pássaros,
no apagar da vela,
vela-se a vida e se insite
na existência média
dedignada a ver passar
as luzes que i-luminam
o desvirginar dedicado
da coisidade cotidiana.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Fragmento (da travessia) II


a loucura em um espelho que me distorce as lembranças e me afoga no lamaçal de pontos de acontecimentos sem nós está dado o sinal e talvez atravesse com segurança no meio do trânsito no qual me dobro cheio de esquinas esperando a volta do que promete permanecer e me colocar entre paredes algo concreto fora desses ruídos que dificultam o fluxo e fazem de eu só tráfego

sábado, 2 de junho de 2012

chuva espessa e barulho do mar
ou
carros passando e condicionadores de ar

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Fragmento (de travessia)


agora sou o espectro de mim mesmo que me assombra com a boca aberta gargalhando cheio de dentes jogando cerveja na boca e no céu chupando uma boceta qualquer em um lugar alheio enquanto carrego uma sacola de compras de supermercado em um coletivo vazio desconhecido que quebra ruas e memórias partindo em direção ao lar