terça-feira, 2 de junho de 2015

o corte na carne tem cor
rasgo aberto no peito
é vermelho no preto
quando se para de olhar
no dente para olhar no olho
a história em corpo
: no preço
na corrente no pescoço
no mar na terra no porto
no poste numa rua do Rio
num janeiro de noite
do ano dois mil
e quatorze :
a morte banal no morro
em cada pedaço de aço
que corta uma parte de carne
em cada pedaço de parte
que perde a própria história
da pele sobre o olho
que se perde na multidão
dos ruídos das ruas
e não vê que
tudo está cheio de cor
e corte
e carne
e vigor