O apartamento está vazio,
preenchido pelo som do maldito
inaudito,
enquanto o gato
tenta trazer-me ao fundo,
tirar-me do abismo
do tempo e do fumo.
Nada se passa
no passar do
instante. Nada.
E o gato se enrosca
nos meus pés
e
fico,
pelo agora,
sentindo o gasto do tato,
do momento
parado.
segunda-feira, 26 de março de 2012
domingo, 11 de março de 2012
pixo fumaça poeira
putas burocratas mendigos
disputam os precários
espaços com os lapsos
de consciência dos loucos
que enfeitam a parte viva
da cidade do êxito
e na superfície dessas galerias
os ratos indiferentes
desfilam fingindo-se retos
sujos da assepsia
e ignoram o grito do louco
que sem as pernas
sobre o asfalto anuncia:
eis o caminho da verdade
nele nada nos faltará:
e no tilintar da lata
uma moeda roída
putas burocratas mendigos
disputam os precários
espaços com os lapsos
de consciência dos loucos
que enfeitam a parte viva
da cidade do êxito
e na superfície dessas galerias
os ratos indiferentes
desfilam fingindo-se retos
sujos da assepsia
e ignoram o grito do louco
que sem as pernas
sobre o asfalto anuncia:
eis o caminho da verdade
nele nada nos faltará:
e no tilintar da lata
uma moeda roída
sábado, 3 de março de 2012
Botas batidas
Perto do mar,
exuberância e deterioração
se misturam,
mas na América Latina
o cheiro de vida e morte esconde
o que a história não estiola.
Confiamos ao mar
a nossa vida,
mas eis que
em um ensolarado dia
alguns vêem a traição: a morte
é trazida pelas mãos
e recostada em nossa costa
como que parida pelas ondas.
Deveriam saber os generais,
nem o tempo resiste ao mar,
que no pendular leva e traz,
abre a vida ao momento da moléstia
: a memória dura.
exuberância e deterioração
se misturam,
mas na América Latina
o cheiro de vida e morte esconde
o que a história não estiola.
Confiamos ao mar
a nossa vida,
mas eis que
em um ensolarado dia
alguns vêem a traição: a morte
é trazida pelas mãos
e recostada em nossa costa
como que parida pelas ondas.
Deveriam saber os generais,
nem o tempo resiste ao mar,
que no pendular leva e traz,
abre a vida ao momento da moléstia
: a memória dura.
sexta-feira, 2 de março de 2012
Autor desconhecido
Da janela que me lança ao abismo
(mas não ao mundo)
vejo pouco, mas toda a luz
de um dia precariamente azul que
oferece muito,
mas nada a mim.
Dos sons fortes e agudos que chegam
(aos poucos e fundo)
escuto tudo, apesar de pouco.
Um galo incolor e inodoro
faz jazer na memória tudo
que uma janela tem a oferecer.
Vago: entre acuidade e obliquidade
Vago, mantendo-me ébrio,
atento às distrações vagas
Todo fundo e pouco mudo (ou ao contrário),
cheiro e grafo o que se me oferece.
Não boto no prelo
e não dexisto
(mas não ao mundo)
vejo pouco, mas toda a luz
de um dia precariamente azul que
oferece muito,
mas nada a mim.
Dos sons fortes e agudos que chegam
(aos poucos e fundo)
escuto tudo, apesar de pouco.
Um galo incolor e inodoro
faz jazer na memória tudo
que uma janela tem a oferecer.
Vago: entre acuidade e obliquidade
Vago, mantendo-me ébrio,
atento às distrações vagas
Todo fundo e pouco mudo (ou ao contrário),
cheiro e grafo o que se me oferece.
Não boto no prelo
e não dexisto
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