quarta-feira, 31 de agosto de 2011

se disser que estou morto
não te assustes
nada se passa em mim ou no mundo
além do passeio na concretude
do trabalho,
da mendicância
da rua e da parede de poesia
que a afasia não permite descrever
e a miopia distinguir

envolto nesse lixo:
de olhares e palavras
sem nexo
decrépito, repugnado
prolixo
procuro, na decomposição 
dos sentidos,
encontrar vida proveniente
brotando
desta putrefação toda

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Poema de amor

ando anônimo pela cidade
cheirando
a álcool e tabaco
encharcado da chuva e dessa
luz incandescente
desço a rua atônito e indeciso:
fodido só
ou safo entrementes?

sobre o asfalto vomitado
estou perdido, mas permaneço
seguindo os restos
como um rato (bêbado).
rastejando entre os dejetos
sobre as faltas, vou-me tardo
tateando algum desejo

cuspo .
cuspo a pedra nua
vislumbrando a pele escura
que é motivo deste vômito

e me move