sábado, 28 de setembro de 2013

Acorda
Acorda
Acorda
Ecoa na madrugada da cidade
o grito rouco
do galo desregulado
logo o galo ou logos
àquela hora?
Sem pena
espora ou crista
é só garganta na luta
e grita
contra o silêncio
Peito aberto na certeza
do tiro feito
que atravessa o vazio
e o escuro inflado
inflamado só resta
gritar

domingo, 15 de setembro de 2013

A carne é tudo que se tem
mesmo quando fica velha
e faz ressaltar os ossos e poeira
e parece melhor um espectro
melhor do que o expectorante
e as ruínas que se apresentam
e as peles que se excedem
A carne só é no tempo
se perfaz quando não passa
e habita a casa o viveiro
maçanetas invertidas livros empilhados
e esse sol no limiar da morte
a iluminar as coisas
em suas fendas
A carne é isso: dura
em tudo que existe
cheia de aberturas
mesmo se dobrada em si
encontra-se aqui no lugar
nenhum da conjunção
que repercute nos corpos
A carne velha alienada
ainda se enterra no mundo
toma toda terra e fica
nas saudades que a situam
e nessa manga que está sendo
atravessada pelos dentes
e soltam as linhas que enovelam
uma boca encorpada pela carne