sábado, 24 de novembro de 2012

Anedota brasileira


Era uma vez um intelectual chique
que fumava cachimbo.
Quando lhe disseram que no cachimbo também se fuma crack                                                                 [e óxi
ficou muito espantado
e escreveu um artigo  

terça-feira, 20 de novembro de 2012

                   para M. I.

Desterrados.

Estrangeiros 
em qualquer lugar
compartilhamos sangue e sono
a partilhar
não há nada
O avesso
de permanecermos
mudando
é a memória de não ficar

Trocamos de paredes
de peles
de bom-dias a ofensas
vidas em sofás.
Não tenho os sonhos
de cura: suor na cara
de procurá-la em mim
sempre fora
de quadro
e divagar

Estamos estranhos
mas já comprei
nossos sorrisos de festa
não estou de acordo
mas já que não dormimos
juntos
podemos apenas esquecer
acordar e usar
são normais e brancos
nunca mastigaram
terra
Mas como tudo no mundo
eles também
hão de ficar
banguelas
e passar

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Querida,

Nós somos um problema
que se resolverá na partida.
Enquanto isso,
convivamos com o erro
que nos faz errar,
mas prometamos
a lugar algum ir
sem antes deixarmos
pedaços de carne
que refaçam o caminho
entre as perdas

Amor com tino?
Sugiro:
continuemos nômades e
sem logos,
demoremo-nos
nas dores dos dentes,
que nos colocam no rumo,
duros e sujos,
e fazem essas
bocas deslavadas
cravarem a carne.

Querida, o prazer da mordida
é mórbido e marca
o lugar do fim

com amor,