terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Fragmento (da travessia) III

nós dados nas esquinas por atropelos sentindo a acuidade do sol e de cotovelos não há travessia tranquila nessas ruas não há sinais claros nos corpos que se cruzam só há o vácuo do próximo ato do movimento desencadeado pelo sol que atravessa o olhar só há essas pequenas passagens que se abrem entre as pernas e revelam ser comum dar em algum lugar

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Aqui não há rompante
de sangue nas ruas
nem rupturas
na superfície dura
do concreto sem
erupção a irromper
- como se lava
o pó de minério e borracha
e as marcas dos pés
que marcham -
aqui só há o gosto
do pus no cuspe na boca
esta cidade inflamada
está pulsando fraco
como bate um coração
de burocrata