sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fragmento II

Ficou à deriva durante dias com a expectativa de encontrar algo onde pudesse se segurar.

Encontrou uma pequena formação rochosa em meio ao horizonte cerrado. Um movimento natural, porém brusco, do mar, o arremessou. A dureza do corpo o fez ricochetear na água, parando a alguns metros de onde se encontrava anteriormente. Pensou em nadar de volta, mas o marasmo o dissuadiu.

Ficou boiando à espera do momento em que a física se recusaria a compactuar com tamanha falta de densidade para que ele pudesse afundar sem pesar.

Fragmento

Sua lembrança mais remota era o projeto de deixar uma marca valiosa no mundo.

Quando chegou aos trinta resolveu que seu trabalho estava suficiente maduro para que ele fosse devidamente apresentado. Não se importava mais com os críticos. O reconhecimento de seu seu nome era-lhe suficiente.

Fugiu ao máximo dos tons convencionais. Escolheu a assinatura que mais lhe convinha.

Não se viu carimbo mais vanguardista na firma.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sem nome (e som)

Aquele som com cheiro de terra
Não enche as vias, mas as bocas
De sentidos metálicos... se toca

Os barulhos doloridos são dos gritos
Com gosto amargo de tempos cerrados... errados
Nós, que engolimos seco e esquecemos ecos

Na hora do espasmo deixamos para o estômago
Que, noturno e áspero, tem espaço para o pus
Quando a garganta inflama da cacofonia... contínua

E nós, enterrando os dias em nicotina,
Às vezes, na boca, não sentimos nada

Nem gosto
Nem barulho
Nem ninguém