domingo, 25 de janeiro de 2015

só há palavra concreta
do momento que corta a carne
atravessando a pele no fio
: pio de pássaros
dentro da casa
em manhã de ressaca
cheiro de verão
cheio de castanha
numa tarde modorrenta
uma mulher na esquina
com cigarro na boca
e olhar de tragédia :
a vida é uma faca
que se repete como farsa
quando já está cega

sábado, 24 de janeiro de 2015

o grito do galo infinito
é som do sol que em nós
chama
pra olhar
o outro lado do mundo
a luz na outra face do escuro

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

o problema do poema
é de quem mede
as palavras
sem encontrar a medida
de cada palmo de chão
na parte toda do peito
e perde a mão
perde o corpo do agarro
mais forte que a gravidade
perde o tato do mundo
e escreve um poema
enquanto um homem
é arrastado pela cidade