terça-feira, 12 de março de 2019

já fui muito sem carne
só um pedaço da cabeça
o abstrato com medo da
promiscuidade no mundo
– se tocar o ventre, feche o olho
e pense no diabo!

agora quero outra coisa:
o sexo que fica
sem alarde na imagem,
como a água
que grava um rosto na pedra
porque roça e passa

segunda-feira, 11 de março de 2019

acordar no sábado ainda na sexta
com uma contradição em concerto...
não conhecemos o cronômetro naquele momento,
apenas o soar da inteira peça
e de algum respirar suado
e da experiência de um afeto grave
com sorrisos amarelos
                                        de cigarro

com as pernas carregadas por carros
fomos claros. esperamos
com a calma do sol, - que nasce duro -
do qual ganhamos nosso brilho
e o amarelo de nossos dentes ansiosos
e o sentido de nossos gestos
                                         não ensaiados...

se em ato
nada é tão claro,
é porque onde há som
não há vácuo
entre presentefuturopassado.
e tudo é como sendo será sido,
porque assim vivido
na sexta e no sábado
e, quem sabe, aos domingos