sábado, 25 de agosto de 2012

A beleza sóbria
deste céu de concreto
reflete em mim
cheio de álcool
e me pergunto azul
a razão da plenitude
que vem abaixo
e encharca a terra do etéreo
- purificação pela lama?

Hoje será uma tolice
emboscar a beleza média
crepuscular
de deus que
chama
sem se molhar
se fazer de barro
e no olhar abissal
vê-se água
e se transborda
para dentro

O lodo ainda brilha
nestes olhos
nestas poças rasas
porém cheias
vejo: há fogo
e o calor
das profundezas
dos dias nos
a
fundam

domingo, 5 de agosto de 2012

Terra arrasada


I
Deixo-me consumir pelo mundo
e subsumido gargalho,
sem ruído, da deformidade
das fronteiras
que me inscrevem
uma legião de outros.
Desconheço a todos,
mas dissimulo a ignorância
e, à distância, eu mesmo
lhes impinjo.

II
Se há dor,
não o sinto,
e finjo-me poeta
fingindo entregar-se à terra
que os olhos de fato comem.
E a vastidão
em que me encontro,
no vácuo da proximidade,
a vontade me devasta.
Terra arrasada.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Fechado dentro de uma sala
cheia de gavetas
cheias de:
poemas
papéis
delírios
indiferença cheia
de farsas

Sobre a mesa
- falsamente organizada:
razoabilidade
cálculo
Preso na cadeira
em cadeias
de desordem
cheias de fugas
e fuligem
faço
rabiscos
mecanicamente

No caminho do fluxo
um cálculo
excrescências
a dor
na cabeça
nas costas

que seja renal.