na partida do comboio
tanto faz se estás
dentro ou fora
tudo se desloca
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terra terra
rio corre grosso
abunda lama
eis as musas
do propício
canto
passadopresentefuturo
misturados
às pedras pequenas
ao barro
das ruas interioranas
onde a poeira é vermelha
onde mora amor e memória
terra terra
terraço quente
coberto por eternit
e cal nas paredes
e calma no meio do caos
da casa sempre cheia
gente por todo lado
pernas primeiro vejo
santos pendurados em quadros
são parte da paisagem
família grande e religiosidade
ainda não entendia
ali formam um mesmo
lama lama
na conjunção das coisas
esquecimento
a vida imediata em que nada
é claro
em que o que foi é cavo
já calvo
entre as coisas apenas buraco?
falta o fio onde se possa agarrar?
está perdido o canto?
recomeço
em busca do círculo
terra rio
terra lama
terra barro
pedra pequena
ruas interioranas
estar em casa
cachoeiro
cidade estranha
vida comum
existência não ordinária
na américa latina
cada vila é cheia
de esquinas
caminhos tortos
o desigual corriqueiro
este é nosso hábito
errar
no planejamento
errar
na fundação
errar
na construção
errar
no acabamento
assim seguimos em frente
assim é varjota
assim é são luiz
assim é itabira
assim é brasília (não nos enganemos, ali há esquinas)
assim é são paulo
assim é rio de janeiro
assim é o pequeno cachoeiro
na parte, a possibilidade de descobrir-se algo da carne que forma o corpo