quarta-feira, 22 de julho de 2015

o tempo vivido marca rostos
deixa na pele as rugas
e acumula o esquecimento
das rusgas, das ruas, das frutas
que plantaram
esse hálito na boca
e a fina folha a recobrir
como hera nossos olhos
a apagar no hábito os gestos
que somos
o tempo vivido marca gostos
afetos que habitamos
esse sentimento do mundo
lançado nos espaços
entre palavras, pessoas, portos
que nos deixaram
uma expressão no corpo
o tempo vivido gravado
de forma aguda torna-se
vívido

terça-feira, 21 de julho de 2015

apreciaria um olhar nítido
como um girassol de pessoa
mas envolvido nos ruídos
do asfalto de placas de telas
de concreto o que vejo
é só passagens de paisagens
nada de estrada cheia de lados
tudo novo e habitado
mas espero para ver
brilhar algo nesse olhar turvo
de mato de passeio público
nascido em toda cidade
entre o vapor dos carros
contra o que é planejado
um olhar de mato
que mostre as metas
como olvidamento do que
é preciso na vida
e deixe na palavra
ao menos o cheiro de
uma flor desconhecida