sábado, 14 de fevereiro de 2015

uma castanheira nasceu
de dentro do piso frio
deste prédio
e deixou suas folhas secas
dentro das gavetas
da mesa sintética
própria para escritório
é dela o cheiro de madeira
é dela o gosto na boca
de castanha que carrega
o gosto da terra
e arrebenta a burocracia
é dela o barulho de galho
a regular os ganhos
pela raiz da castanheira
se esgueira a vida
que existe na planta
e não há plano que resista
à natureza viva
brotando com sanha
pulsando no sangue

sábado, 7 de fevereiro de 2015

quando nasci um
mundo já estava aí
todo torto
e entrei gritando
enquanto ele respirava
em mim
corpo roto
e o homem de branco
tirou as luvas do parto
lavou as mãos
e partiu
fui parido ateu
com anúncio pros meus
sem anjo
num hospital
de cachoeiro
no centro do calor
do espírito santo
minha mãe com meu pai
magro chorou
e embora não seja pra tanto
conto agora o acontecimento
do começo deste canto