sábado, 27 de janeiro de 2018

fogos de artifício
embaixo do guarda-chuva
cortando o coração da noite
e a boca com gosto da grama
escuta o momento da festa
enquanto rumina a terra
com os olhos cravados
nas rachaduras das cascas
das árvores de raízes a mostrarem
que há vida eclodindo nas calçadas
a criarem suas próprias frestas
por entre as pedras para um respiro
quase despercebidas
no meio do vazio de casas prontas
para clínicas
e carros polidos

às vezes parece outra coisa
mas são fogos de artifício
embaixo do guarda-chuva
é um anúncio de algo novo
trazendo outra primavera
com suas novas flores
talvez em jardins de classe média
sem a mesma poética
talvez sem os mesmos hábitos
mas sempre com as rimas forçadas
celebrando amores
baratos em diversas ruas
sem rota e ritmo
descobrindo festas, fogos, artifícios
ainda na falta de versos

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