quinta-feira, 3 de outubro de 2013

De nada adianta tensionar
a palavra que se quer corrompida
se não se crava com os dentes
a boca no mundo
para experimentar o gosto
de asfalto quente e cimento
e deixar com a língua
a marca como uma lesma

De nada adianta acreditar
na necessidade do léxico
como lixo revirado
e deixar tudo cinza-parede
perfeito sem qualquer ruído
e deixar concretos límpidos
tendo só no piso o pixo
e poesia presa em apartamento

Não há lado a arrebentar
se a palavra fica guardada
seca na boca e as línguas
dobram-se sobre si mesmas
porque não há mais nada
a ser dito porque só há
entre todas as coisas abismos

Nenhum comentário:

Postar um comentário